Gravuras que apresentam as experimentações e pesquisas de sete
artistas ficarão expostas para visitação até o dia 22/12
A Pinacoteca do Estado – Palácio Potengi recebe a exposição
Gravura em Campo Expandido, que será aberta na próxima quinta-feira, 22, a
partir das 19h. Na ocasião, haverá um descontraído bate-papo com os artistas Bia
Rocha, Artur Sousa, Jota Medeiros, Laurita Salles, Sayonara Pinheiro, Selma
Bezerra e Pedro Ivo, sobre a técnica de pintura, que compõem o apanhado, sob a
curadoria de Sanzia Pinheiro e Artur Sousa. A exposição fica aberta para
visitação até o dia 22 de dezembro, de terças a domingo, das 8h às 17h. Entrada
gratuita.
Gravar é
um ato de criar incisões a partir de objetos de maior dureza sobre um material
de menor dureza. Em arte o ato de gravar é utilizado no processo de criação de
matrizes a fim de se controlar uma imagem que será reproduzida por estampagem,
estabelecendo-se assim, no processo tradicional da gravura, a relação
imagem/matriz/reprodução, sendo a imagem estampada sobre suporte como o fim do
processo. Na contemporaneidade, com a expansão do campo da arte para além das
categorias tradicionais, na confluência de atividades e de temáticas em
aproximação à vida, ao cotidiano e ao ordinário, a gravura, meio tradicional de
reprodução de imagens, veio a relacionar em suas práticas os processos
industriais, a noção de corpo como elemento constituinte do processo,
experimentações que perpassam a relação matriz-estampa.
A
exposição Gravura em Campo Expandido apresenta as experimentações e pesquisas
de sete artistas sobre o prisma da gravura em campo expandido.
O trabalho
de Artur Souza, “Pontos Gráficos
Nodais em Fluxos da Cidade de Natal”, realizada em 2011, é uma pesquisa em
arte que incorpora a intervenção
performática em vias urbanas ao processo de produção de imagens. O trabalho
articula a produção no espaço do atelier a intervenções urbanas realizadas em
dez vias de grande fluxo em Natal, no período de julho a setembro de 2011. As
estampas (10, de 40x40cm) e a documentação do processo são apresentadas em uma
instalação que pretende aproximar o espectador ao momento em que a performance
e a imagem são realizadas, articulando imagem, cidade e o corpo do artista.
Laurita Salles, artista
e professora adjunta do Departamento de Artes da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, da cadeira de Gravura, apresenta uma estampa dourada, sem
título, de uma série realizada em 2007, que é decorrente de suas pesquisas no
campo fabril. A artista se apropria do processo de gravação com buril
eletrônico para a realização de imagens. O trabalho estabelece uma relação
entre a produção digital de uma imagem, que vai sendo derivada, criando pontos
virtuais, estabelecendo relações entre o campo gráfico e a tridimensionalidade,
na sugestão de perspectivas ou pelas diferentes densidades de tinta que o
processo de gravação, aliados ao processo de entintagem deixam sobre o suporte
final (papel). Suas pesquisas estão trazendo contribuições importantes para a discussão
do campo expandido da arte.
A série
“Barcos”, de Sayonara Pinheiro,
realizada entre 2011 e 2012, a série realizada sobre tecido e/ou tela,
apresenta as pesquisas da artista na Vila de Ponta Negra, especificamente nos
barcos de pescadores. Ela faz uma série de frotagens com giz sobre as marcas e
texturas que são construídas pelo mar e pela ação do próprio construtor do
barco como indícios de memória, de pertencimento, de identidade.
Jota Medeiros, exibe
parte de uma série de manchas, numa alusão as manchas padrão Rorschach, sem
titulo, realizada em 2010, neste trabalho o artista cria uma série de manchas
com tinta acrílica azul e preta, onde a imagem criada é decorrente do duplo
entre a ação de criar manchas e da dobra da tela, estabelecendo uma relação de
cópia invertida, mas participante da imagem total. O suporte é novamente
engradado, como um possível mascaramento do processo de dobra.
Pedro Ivo e Bia Rocha apresentam uma intervenção direta no espaço da sala da
Pinacoteca, os artistas utilizam uma série de estênceis que fazem alusão a
produção tradicional da gravura, mas recriam em um processo próximos aos de
permeação. As imagens estabelecem uma relação de situação, site specific, com o espaço, em escala ampliada, as imagens chegam
a ter 2,8 metros. O trabalho apresentado é parte das ações do grupo sobre a
cidade e tem influências na cultura de rua e hip-hop.
A série de
impressões da/na Rua Chile de Selma
Bezerra, de 2005, transcorre da ação de fixar grandes folhas de papel sobre
a Rua Chile e deixar que os transeuntes trafeguem sobre ela, nessa ação cada um
que passa sobre a folha deixa uma marca, parte da memória de um deslocamento.
As folhas são retrabalhadas no atelier da artista de forma a ressaltar essas
marcações do solo, onde cada pedra é transposta da rua para a galeria.
Obra:
Fragmento
de Sonora 2
Água
forte, água tinta, ponta seca e chiné-collé
Papel Velin Johannot 240g/m²
66 x 50 cm
2008-2009
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