quarta-feira, 6 de julho de 2011

Casarão do Guarapes será restaurado depois de anos em ruínas



Um dos monumentos históricos mais importantes da segunda metade do Século XIX, de valor arquitetônico imensurável, terá a atenção que merece e há tanto tempo desejada. O Casarão dos Guarapes, como é conhecido, finalmente será restaurado pelo Governo do Estado. "Tivemos uma reunião com o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Valério Mesquita - um dos grandes entusiastas pela preservação daquele prédio - e o arquiteto da Fundação José Augusto, Paulo Heider, há muito engajado nesse projeto, e batemos o martelo: dentro de 90 dias iniciaremos o processo de restauração daquele monumento histórico", disse a secretária Extraordinária de Cultura do RN e Fundação José Augusto, Isaura Rosado. A obra será orçada em aproximadamente R$ 1 milhão.

De acordo com parecer do arquiteto Paulo Heider Forte Feijó, o Casarão dos Guarapes constituiu um "importante entreposto comercial do Estado" que, durante a segunda metade do século XIX, chegava a rivalizar com o de Natal, pela quantidade de embarcações que dali partiam carregadas com algodão, açúcar, sal, couro, dentre outros produtos.

O Casarão dos Guarapes fica situado numa colina à margem direita do Rio Potengi e, naquela época, ainda de acordo com o parecer do arquiteto da FJA, dava suporte ao funcionamento do porto, onde havia um complexo arquitetônico composto pela residência de Fabrício Pedroza, capela, além de outras construções como armazéns.
Atualmente, de todas essas edificações, apenas a residência (o dito Casarão dos Guarapes) se mantém e, mesmo assim, de maneira precária e em ruínas, sucumbindo ao tempo. "Como marco arquitetônico representativo da importância econômica do porto do Guarapes, a residência foi tombada pelo Governo do Estado como monumento histórico, e por conseguinte, sua preservação se faz mister", argumenta em trecho o arquiteto, enfatizando, já em 1999 que sua restauração era "visível e oportuna". Mas só agora, com a sensibilidade da governadora Rosalba Ciarlini e seu senso de preservação, será restaurado.

A seguir, descrição do historiador Luís da Câmara Cascudo, sobre o Guarapes: “Em 1858 Fabrício Gomes Pedroza estabeleceu-se no lugar Guarapes, uns doze quilômetros ao sul da capital potiguar. No cimo da colina ergueu a residência, capela, casas de empregados, comércio de fazendas, víveres, armas, todas as necessidades e atrações para os olhos, vontade e mão sertaneja. À beira do Potengi, na orla do morro, uma fila de armazéns recebia o algodão do Seridó, via Macaíba e o açucar de Ceará-Mirim, via São Gonçalo (Felipe Camarão atual), ponto estratégico de uma campanha ímpar do comércio exportador durante todo o segundo Império.Fabrício lutou com vantagem. Sozinho contra todo o comércio do Natal, sobrepujando o de Macaíba que não era desprezível. O tráfico mercantil do povoado lembrava uma colmeia, zumbindo de vibração entusiasta. Todos os divertimentos populares iam procurar “seu” Fabrício. Guarapes acomodava em seu improvisado porto galeras de mais de 800 toneladas de arqueação. De 1869-1870 carregaram em Guarapes para fora do Império, vinte navios. Natal carregara vinte e um no mesmo espaço de tempo.” (Fonte: HISTÓRIA DA CIDADE DO NATAL” – pág. 196).
          

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